[Treinamentos] Kyo

Havia se passado um dia desde minha última aventura. Após ver as dificuldades que eu passaria dali em diante, resolvi dar um tempo no quesito captura. Assim que saí da caverna, procurei alguma estrada para seguir dali em diante. Para minha sorte, consegui encontrar uma trilha e comecei a segui-la.

Algumas horas depois, estava ali, pensando no que eu tinha feito e para onde eu iria daqui pra frente. Possuía dois Pokémons ainda não treinados em uma batalha real, mais quatro Pokébolas e uma PokéDEX para identificar uma espécie. Considerei os dois últimos inúteis, visto que não pretendia me envolver em alguma batalha contra um Pokémon selvagem. Matutei por alguns segundos e resolvi continuar a trilha, pois sabia que pelo menos conseguiria chegar em algum povoado. Esperava também que lá tivesse algum tipo de tecnologia, pois, mesmo com os Pokémons em bom estado, queria curá-los. Prevenir é melhor do que remediar, já dizia minha mãe.

Finalmente tinha chegado ao fim da trilha. Novamente a sorte me abençoou e encontrei uma cidade que, ao meu ver, parecia ter alguma tecnologia. Ao entrar na cidade, me deparei com um senhor com algum problema. Resolvi aprochegar-me dele e perguntar a sua situação.
— Olá, senhor! Algum problema? Reparei que a sua cara não parece das melhores — disse ao homem.
— Ah, olá garoto... — respondeu o homem com pouca emoção na voz. — Realmente estou com um problema, mas não quero importuná-lo com isso.
— Diga, meu caro! — respondi com audácia. — Estou no meio de minha jornada Pokémon, mas posso tirar um tempo para te ajudar.
— Então você é um treinador? Talvez possa me ajudar mesmo — disse com uma cara mais relaxada. — Eu tinha que entregar esse pacote, mas eu caí de minha Ponyta enquanto cavalgava pelos campos. Assim como eu, minha Ponyta também machucou o pé.
— Então deduzo que você quer que eu entregue este pacote ao dono? — falei.
— Você é bem esperto, rapaz. É isso mesmo. — respondeu já erguendo o pacote em mãos. — Então, aceitará a missão?
— Sim! — assenti ao homem e peguei o pacote.
— Muito obrigado, meu jovem! Um dia lhe agradecerei por isso — disse o carteiro mostrando um enorme sorriso no rosto. — Siga pela parte norte e você encontrará uma estrada. Siga por ela até o fim e, na primeira casa, pare. O nome do remetente é: Nemo.

Cumprimentei o carteiro e fui em direção ao centro Pokémon. Ao chegar lá, resolvi ser bastante direto. Pedi que a moça, que atendia pelo nome de Joy, cuidasse de meus Pokémons. Assim sendo, aguardei um pouco. Depois de alguns minutos, ela trouxe meus Pokémons em suas devidas Pokébolas e parti para minha primeira missão.

Segui o caminho indicado pelo carteiro. Durante o percurso, vi diversos treinadores, mas todos já estavam em batalha. Foi uma alegria para mim, já que não poderia perder tempo batalhando, pois poderia encontrar futuras divergências. Passei por diversas casas coladas umas nas outras. Era bem peculiar para um garoto que morava na "roça" e nunca teria visitado uma outra cidade. Depois de passar pelas residências que ficavam unidas, cheguei ao muro do norte. Era o local que separava a cidade de uma rota comum, não muito diferente do campo que eu tinha passado da outra vez. Antes de sair da trilha, chequei minhas Pokébolas. Fiquei aliviado em ver que meus dois companheiros de viagem estavam ali, preparados para um possível combate.
— Obrigado! — disse expressando minha felicidade, pois sabia que, no fundo, eles poderiam me entender.

Deixei de drama e dei o primeiro passo para a entrada da rota. Por alguns instantes senti que se eu desse mais alguma pisada, algo aconteceria comigo. Uma emoção me corroía, pois era a minha primeira missão. Sabia que o carteiro depositava total confiança em mim. A última vez que deixaram tudo pra mim foi para limpar a casa, mas dessa vez era diferente. Coloquei o pé no chão e, novamente, nada aconteceu. Os meus sentimentos me levaram a emoção por alguns segundos, mas então prossegui meu caminho. Depois de, mais ou menos, uns 100 passos, avistei uma sombra. Era um homem de sobretudo preto, uma boina preta e carregava duas Pokébolas consigo. Parece que eu tinha acertado, uma divergência iria aparecer. Me aproximei mais, pois sabia que era estranho desviar do caminho.

— Ei, garoto! — disse a figura. — Que pacote interessante é esse? Posso dar uma conferida?.
Considerei aquela como uma pergunta boba. Óbvio que eu não iria dar um pacote tão importante para um desconhecido de "mão-beijada".
— Não. Essa é uma encomenda que eu devo entregar ao remetente a qualquer custo — disse ao homem. — Agora, por favor, me deixe passar.
— Queria fazer do jeito fácil, garoto. Meu nome é Ryan, e sou um candidato a equipe Rocket. Se eu fizer esse trabalho, conseguirei ingressar nela — contou Ryan. — Prepare-se para a batalha, moleque. Vá, Koffing.
— Para a luta, Chimchar — respondi ao chamado de batalha.


— Chimchar, utilize o Scratch no Koffing — dei ordens a Chimchar, mas dessa vez sem ênfase. Coloquei confiança nele, pois pararia de seguir conselhos de livros. A experiência deveria ser minha.
— Koffing, tente desviar e em seguida use Poison Gas.
Realmente, o Pokémon de meu oponente era mais treinado e conseguiu fazer com que o golpe pegasse de raspão. Não tive meios de defender o outro gole, que logo se espalhou pelo campo. Chimchar, como já tinha visto aquilo da outra vez, já se atentou e ficou um pouco longe da área.
— Chimchar, use Leer para que você possa enfraquecê-lo, e tome cuidado para não ser atingido por outro golpe dele — expressei.
— Tsc... Não posso perder para um treinador do tipo. Koffing, use Tackle pelo meio da nuvem de gás de envenenamento — falou Ryan.
Não compreendi o que ele planejava, mas parece que logo mais descobriria. O macaco tinha conseguido diminuir a defesa do oponente, mas ainda assim foi atingido pelo golpe. Por causa do movimento retilíneo feito por Koffing, um pouco do gás veio junto da investida e acabou por ser envenenado.
— Vamos! Eu sei que você é forte e pode vencer — gritei para Chimchar. — Use Scratch.
— Hmpf! Tentativa medíocre. Achei que você me divertiria por um pouco de tempo, garoto. Vamos, Koffing, Tackle mais uma vez.
Minhas palavras pareciam ter dado alguma motivação para Chimchar, que o fez partir para o ataque. Ambos colidiram, porém Koffing saiu com mais danos por causa de sua defesa reduzida. Os danos do veneno corroeram Chimchar, e logo vi que só lhe restava um golpe.
— Concentre toda sua força nesse golpe. Scratch mais uma vez! — exclamei com muita emoção. Sabia que após isso, teria de requisitar que Grimer viesse para o campo de batalha.
— Vamos, Koffing. Ataque com... — o homem parou.
Chimchar atacou com tanta velocidade que não deu tempo do treinador dar ordens ao seu Pokémon. Para nossa sorte, o impacto do arranhão resultou na batida de Koffing em uma árvore próxima. Ele havia desmaiado.
— Sorte de principiante... Eu ainda possuo outro Pokémon — exclamou Ryan. — Vá, Seviper.
— Volte, Chimchar. Boa luta! — disse retornando meu primeiro Pokémon. — Vá, Grimer.



Antes de atacar, analisei o Pokémon e logo deduzi que ela seria do tipo físico.
— Grimer, use o Harden para aumentar sua defesa — exclamei.
—Esperto, garoto — disse Ryan. — Seviper, use Bite.
Não entendi o movimento, pois sabia que seria um físico. Grimer tinha aumentado sua defesa, mas ele ficou imóvel por algum tempo.
— 30% já é uma boa coisa — ironizou. — Seviper, use Lick.
Aquela lambida parecia ter afetado meu Pokémon, e realmente foi isso que aconteceu. Senti que meu Grimer havia retornado ao estado de defesa inicial. Assim, eu vi sair da paralisia.
— Não deixaremos isso te atingir — disse a Grimer. — Use Mud-Slap.
— Bite outra vez!
Pela velocidade de Seviper, ela conseguiu atingir Grimer, mas parece que aquele efeito depende da sorte. Já o meu golpe surtiu um bom efeito contra Seviper, e, além do dano, também diminui sua mira para os golpes.
— É isso que usaremos a partir de agora. Repita o Mud-Slap — disse.
— Seviper, use Wrap — resmungou Ryan.
Meu golpe surtiu um ótimo efeito. Senti que a cada vez mais aquela cobra se enfraquecia. Além disso, ela também acabou por errar o golpe.
— Sinto que logo a batalha acabará. Vamos terminar isso com Pound — disse.
— Rápido, use Wrap outra vez — gritou Ryan. Era perceptível que ele estava zangado.
Seviper, novamente, foi mais rápida. Ela consegue acertar o ataque, mas de nada adiantou com o último ataque de Grimer.

— Droga, garoto — resmungou Ryan. — Você mostrou ser forte. Nos encontraremos no futuro. Voltem, Seviper e Koffing.
No mesmo instante, ele saiu correndo pelo mesmo lado de onde vim.
— Minha primeira batalha e eu venci — falei comigo mesmo. — Serei forte, eu prometo.

Como o caminho estava liberado, voltei ao meu rumo inicial. Demorou uns minutos para chegar até a casa de Nemo. Lá, vejo que alguém estava sentado numa cadeira, aguardando uma encomenda.
— Você é o Sr. Nemo? Se sim, tenho uma encomenda para você — disse a tal pessoa.
— Sim, eu sou Nemo — assentiu o velho. — O que houve com o Joseph? Ele está bem?
— Bom, ele me parecia bem, mas ele quebrou a perna — falei tristonho a Nemo. — Enfim, aqui está seu pacote.
Entreguei o pacote a Nemo, e, para minha surpresa, descobri que se tratava de um kit de remédios Pokémon.
— Você aparenta ser um treinador... Se seus Pokémons estiverem cansados, pode utilizar alguns desses — exclamou bondosamente.
— Eles estão. Muito obrigado! — agradeço já pegando eles.
Retiro meus Pokémons das Pokébolas e uso os remédios neles. Assim sendo, dou adeus a Nemo e retorno para a cidade pelo mesmo caminho que tinha tomado.

Ao voltar, vou direto ao encontro do carteiro.
— Entregaste o pacote? — perguntou.
— Sim. Tive problemas com um cara no caminho, mas nada demais — menti para o homem. A única coisa que queria no momento era o velho carteiro com a perna quebrada se preocupando comigo.
— Obrigado, garoto! — agradeceu. — Um dia ainda te recompensarei.

Agradeci pela aventura e me despedi do carteiro, indo ao rumo de uma nova aventura.